Ela venceu dificuldades financeiras. Apostou em negócios que fracassaram, mas focou no hobby. A caligrafia artística deu certo.
Sabe aquela pessoa que, mesmo na adolescência, sempre teve a certeza de que teria o próprio negócio? De que iria empreender e lutar para compartilhar uma bela história? Stefany Miranda nunca deixou de acreditar nesse objetivo. Passou por dificuldades...Chegou a enfrentar um momento delicado na vida...Mas, se reergueu. Buscou forças para continuar. E, hoje, trabalha com o que mais gosta de fazer: a caligrafia artística. Em tempos de muita conectividade e tecnologia, Fany Miranda mostra que um trabalho surgido há milhares de anos se mantém firme. Adaptável ao mundo moderno e repleto de criatividade.
Tudo começou quando Fany tinha 16 anos. O falecimento de sua mãe gerou uma instabilidade que fez o pai da jovem, que também tinha uma irmã de cinco anos, sair de casa.
“Foram momentos tristes. Cheguei a passar dificuldades financeiras. Morei na rua. Mas, não perdi minha dignidade. Pelo contrário, aquela fase me dava energia para querer mudar, vencer na vida”, lembra, enfatizando que, hoje, a relação com o pai é muito boa, já que tudo foi superado.
Aos 19 anos, Fany conseguiu o primeiro emprego fixo. Em paralelo, desenvolvia a sua técnica de caligrafia artística. Um hobby, que lhe dava prazer, orgulho e reconhecimento. A jovem, determinada, não trabalhava pelo imediatismo. Queria juntar dinheiro para, um dia, investir em algo próprio.
“Lembro que, quando a empresa onde eu trabalhava não estava bem e demitiu alguns funcionários, não pensei duas vezes. Fazia parte do grupo dos demitidos, mas saí decidida a investir todo o dinheiro recebido em material artístico. Vi a oportunidade da minha vida”, destacou, ao ressaltar que o dom artesanal herdou da mãe.
Era a época do Orkut. Fany criou um perfil para divulgar seus trabalhos, que ainda não davam retorno. Aí veio outro momento difícil que fez a jovem repensar o caminho. “Aos 20 anos, engravidei, mas perdi o filho. Fiquei muito triste, desanimada. Voltei a apostar nos empregos formais”, diz, ressaltando que continuou a caligrafia artística apenas como hobby.
Aos 25 anos, quando teve a primeira filha (hoje com 9 anos) e com o sentimento de valorização da família, Fany decidiu sair do emprego e empreender mais uma vez. Caligrafia, de novo? Não! Desta vez, resolveu apostar em um segmento apontado como tendência: as esmalterias.
“O salão não foi muito bem. Além dos gastos com o ponto comercial, eu enfrentei dois arrombamentos. Tudo na mesma semana. Aquilo foi um baque pra mim, que preferi fechar o empreendimento”, lembra. O detalhe é que, mesmo no salão, Fany não percebia que a caligrafia artística dava mais retorno financeiro.
“Quando desisti da esmalteria, percebi isso. Eu fazia meus trabalhos artísticos no mesmo ambiente e os pedidos surgiam com frequência. Mas, meus olhos estavam voltados ao salão. Não vi que, financeiramente, a caligrafia estava bem melhor”. Fany seguiu o dom e começou a ver mais resultados.
Ouça o que disse a empreendedora:
Nova fase
Hoje, o @fanycaligrafia tem repercutido tanto que a empreendedora já viajou para fora da Paraíba, com objetivo de representar o estado em eventos importantes pelo País. Em Brasília e Goiânia, Fany participou do Dia Tipo, considerado o principal encontro brasileiro sobre tipografia. Composto por palestras, debates e workshops, o evento reúne tipógrafos, calígrafos, designers, pesquisadores, profissionais de comunicação e outros entusiastas das letras.
Em dezembro deste ano, haverá mais uma edição, em São Paulo. Será que a paraibana vai estar por lá? Claro, né! Fany tem prazer em dizer que vai com garra e determinação. Mesmo sem apoio financeiro, ela vai. Junta as economias e vai.
Outras exposições
Ela também expôs no Pavilhão do Chá, na capital paraibana. Ministrou oficinas e idealizou o “Coletivo Pavilhão”, grupo de sinergia artística e cultural. Atualmente, está expondo seus trabalhos na Estação das Artes, em João Pessoa.
Associação das Mulheres Empreendedoras da Paraíba
Stefany Miranda é uma das diretoras da Associação das Mulheres Empreendedoras da Paraiba (AME-PB), que tem o objetivo de fomentar um coletivo sustentável, com cursos, capacitações, troca de informações e parcerias entre as associadas, buscando locais para exposições coletivas em feiras e espaços públicos.