Inovação

Professor da UFPB usa jogos de tabuleiro como prática empreendedora

Atualizada em 06/12/2021 às 20:26
Por Josi

 A proposta da Ludosofia é contribuir no processo de desenvolvimento pessoal a partir da aplicação de conceitos filosóficos desses jogos


Profissionais das mais diversas áreas de atuação precisam fazer, a todo o tempo, tomadas de decisões importantes, e em determinados momentos, até aquelas que definem os rumos dos negócios. Para que essas ações sejam mais assertivas e gerem progresso para seus empreendimentos é preciso agir com um pensamento estratégico. Um conceito desenvolvido pelo professor e pesquisador da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Marcos Nicolau, aplica alguns conceitos filosóficos dos jogos de tabuleiro na vida das pessoas, visando esse desenvolvimento de habilidades. A iniciativa também foi transformada em livro, Ludosofia: a sabedoria dos jogos (Ideia Editora).


A proposta da Ludosofia é utilizar a essência metafórica desses jogos para permitir a percepção da realidade e da sociedade, representada em simulações e experimentações, capazes de proporcionar habilidades mentais e físicas ao ser humano em situações de crises, adversidades e desafios. Na prática empreendedora, o professor, pesquisador e presidente do Instituto Ludosofia (criado a partir desse trabalho) destacou os primeiros ganhos cognitivos mais essenciais, que são a atenção e a concentração, além da disciplina, autoconhecimento, planejamento de ações e de estratégias, abordagens racionais e criativas para solução de problemas.


Também é trabalhado o aprimoramento das posturas e atitudes empreendedoras de gestão de recursos e pessoas. “Isso acontece por meio de simulações de crises, confrontos, tensões, perdas, ganhos e, por fim, com a percepção de que o jogo imita a vida em seus embates comerciais e mercadológicos”, pontuou.


Sobre o Instituto Ludosofia, a entidade é filantrópica e tem como propósito oferecer às pessoas a percepção de que a sabedoria dos jogos proporciona uma melhor compreensão de si mesmas e da realidade. Essa proposta busca reinventar processos de ensino e aprendizagem, além do desenvolvimento do pensamento estratégico para o empreendedorismo, tanto em crianças quanto em adultos.


Início


Marcos Nicolau é professor aposentado da Universidade, mas continua como um dos editores da revista científica Temática, no portal de periódicos e ligada ao NAMID, na UFPB. Ele explicou de onde surgiu o interesse por esse método de aprendizagem. “Minha relação mais efetiva com o jogo de tabuleiro começou na adolescência quando comecei a participar de campeonatos escolares de xadrez, chegando a ser campeão dos jogos estudantis em 1978. De lá para cá, a pesquisa com os jogos de tabuleiro foi se ampliando, paralelamente à minha atividade acadêmica, como professor do Curso de Comunicação Social na UFPB. São décadas de levantamento sobre centenas de jogos de tabuleiro das mais diversas culturas humanas, grande parte pouco conhecida no Brasil”, disse.


Sobre a aplicação desse trabalho com o público, o professor apontou a utilização milenar desses instrumentos no processo de aprendizagem de vários povos e línguas. “Os jogos de tabuleiro existem há, pelo menos, 5 mil anos. Foram criados pelos egípcios, sumérios, persas, chineses entre outros, sempre contribuindo com o desenvolvimento cognitivo dos seres humanos”, pontuou.


No caso da Ludosofia, desde a década de 90 que já eram desenvolvidos jogos empresariais, com cursos e treinamentos em ambientes naturais. “Agora, fazemos uso dos jogos de tabuleiro, antigos e modernos, para ensinar o pensamento estratégico e empreendedor tanto com crianças e adolescentes, quanto com adultos. A prática envolve aspectos cooperativos e competitivos que visam a compreensão de como lidar com a diversidade de saberes que a vida e o mercado exigem hoje em dia”, relatou.


Como funciona na prática?


A atividade consiste no envolvimento de pequenos grupos em torno de uma seleção de jogos apropriados às necessidades dos participantes, tanto individuais quanto coletivas. “Os jogos de tabuleiro apresentam diversos fundamentos: servem como diagnóstico dos aspectos cognitivos e intelectuais, a partir dos quais os próprios participantes adquirem autonomia para trabalhar. Os jogos permitem a superação das dificuldades e desafios, colaborando para aprimorar o raciocínio e a criatividade, como uma dualidade natural da mente humana”, explicou.


De acordo com o professor, a iniciativa não se configura apenas como um jogo. "Criar e recriar esses meios nos faz entender o processo de forma completa. Desde o descobrir, planejar e aprender com a simulação de ambientes e situações do dia a dia.


O site do instituto dispõe de recursos e mais detalhes de cada um dos jogos. Lá também pode ser baixado o livro Ludosofia: a sabedoria dos jogos. Acesse: https://ludosofia.com.br/livros/

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