Material substitui as derivadas de petroquímico, em combate as emissões de gases de efeito estufa
Pensando em soluções para enfrentar a emergência climática, a estilista têxtil e pesquisadora de novos materiais, Thamires Pontes, desenvolveu uma nova fibra têxtil biodegradável feita a partir de um polímero, o ágar-ágar, extraído de algas vermelhas do tipo Rhodophyta, abundantes no Nordeste brasileiro. Com potencial para substituir fibras derivadas de petroquímicos não renováveis, prejudiciais para o meio ambiente.
O setor têxtil é um dos mais poluentes, a indústria da moda é responsável por quase 10% das emissões de gás carbônico e gera cerca de 20% de todo o esgoto e água despejados no ambiente. Um grande desafio para o segmento, é diminuir as taxas de gases de efeito estufa (GEEs) até 2030, mas se a indústria adotar iniciativas de descarbonização, com apoio das marcas e varejistas, e a mudança de comportamento do consumidor, é possível remodelar esse cenário.
“Desde a Revolução Industrial estamos acostumados ao modelo linear de consumo e essa forma validou a lógica e o boom dos fast-fashion, para mim nunca fez muito sentido, usar uma peça duas vezes e descartar. Ano passado foi lançado o relatório FIOS DA MODA do Modefica, que trouxe dados pertinentes. A sustentabilidade é uma necessidade em todas as indústrias, especialmente para moda. Além da conscientização do consumo, acredito que tudo na moda já foi criado e a diferença estão nos materiais, é a isso que eu me dedico”, diz Thamires.
Segundo a estilista, para fabricação das fibras de ágar, não é necessário utilizar grandes quantidades de recursos naturais, é um material biocompatível, biodegradável, compostável e todo seu processo é sustentável, até o seu descarte consciente. O ágar utilizado para produção da fibra, é extraído da alga vermelha, também utilizado na indústria alimentícia. Essa espécie não precisa ser arrancada da raiz, é podada e três meses depois volta a crescer. As algas são os organismos que mais se reproduzem na Terra. Estudos indicam o potencial das plantações de algas no combate às alterações climáticas, contribuem para a absorção dos gases do efeito estufa em especial o carbono, um papel importante para o planeta.
As fibras de ágar junto com um novo modelo de circularidade
para a indústria da moda estão concorrendo ao Global Change Awards, desafio
proposto pela Fundação H&M (Suécia) para acelerar o cumprimento das metas
de Desenvolvimento Sustentável da ONU até 2030. A criação da estilista também
foi uma das 12 ideias brasileiras finalistas entre 1409 projetos enviados por
inovadores de 100 países, sendo 173 do Brasil, do No Waste Challenge, um
desafio para Ação Climática do What Design Can Do em parceria com a Fundação
IKEA. O objetivo da competição global realizada em janeiro de 2021 foi
apresentar soluções inovadoras para reduzir o desperdício e repensar em todo o
ciclo de produção e consumo. (Com Assessoria)