Paulo desenhou um sonho aos 16 anos de idade. Com o passar do tempo e as experiências vividas, foi colocando em prática o que registrou no papel, na adolescência.
Com a proposta principal de oferecer experiências, promover convivência aos seus hóspedes com tratamento mais humanizado e menos burocrático, o artista plástico recifense, pós-graduado em hotelaria, Paulo Mello, iniciou no ramo. Motivado pelo conceito de sustentabilidade e respeito aos visitantes, com uma forma diferenciada de acolher, ele estabeleceu uma relação de anfitrião e não simplesmente de empresário.
Em entrevista à equipe do Ideia Positiva Online, que esteve em uma das propriedades, Paulo contou que, no final dos anos 1990, morou numa ilha na divisa com o Canadá (Ilha de MountDesert, no vilarejo histórico de Bar Harbor) e trabalhou com o dono de um dos hotéis do local.
Segundo ele, o que aprendeu nessa experiência foi muito mais do que encontraria nos livros. Em meados de 2007, decidiu voltar ao Brasil. E na praia de Boa Viagem, em Recife, abriu seu primeiro hostel, o Piratas da Praia.
“Nós criamos um sistema diferenciado, estabelecendo a relação de anfitrião com o hóspede, onde recebemos as pessoas como se estivéssemos acolhendo em casa”, disse. E ele repassa essa mesma filosofia para quem trabalha com ele. A condição é gostar de atender as pessoas, se colocar a serviço do outro.
A principal característica de um hostel é a disponibilidade de quartos compartilhados (de três a nove camas, ou até mais), a maioria com banheiro também compartilhado. A maioria dos cômodos é destinada ao uso comum por todos os hóspedes.
Paulo não parou nessa primeira instalação. O empreendedor já havia iniciado, em 2002, a construção de uma casa em Goiana (PE). Era em um terreno que ele pôs os olhos ainda quando tinha 16 anos. Localizado na praia de Catuama, a escolha do local é uma história à parte. Com seis anos de idade, Paulo conheceu essa praia com a sua mãe adotiva e amava aquele passeio de criança.
“As memórias afetivas que eu tinha dali eram do pescador pegando a jangada, indo para o alto mar, dando carona pra gente. Despertava uma sensação muito boa de liberdade”, contou. Mas, esse tempo passou e só quase 10 anos mais tarde Paulo retornou e sentiu ainda mais forte a ligação que tinha com aquele local. Numa das andadas pela cidade, ergueu os olhos para um morro, que chamou sua atenção. Na mesma hora, imaginou que ali construiria a casa.
Um dia, assistindo TV, ele viu um anúncio da venda de um lote naquela praia. Ofereceram a ele um lote à beira mar, mas Paulo lembrou do morro e insistiu que o local desejado era onde tinha dito que construiria, dez anos atrás, e comprou o terreno desejado. Logo em seguida, voltou para os EUA. Durante esse período teve o terreno invadido. Descobriu quando retornou ao Brasil. Foi ao local e encontrou uma casa construída no local. Negociou e conseguiu retomar o caminho que concretizaria o seu sonho.
Paulo decidiu comprar outros seis lotes no entorno do primeiro terreno e começou a construir o que batizou de Canto Alegre, um lugar do jeito que havia pensado na adolescência. Quando iniciou a construção fez uma promessa: se conseguisse construir o que havia planejado faria uma Capela de Santo Antônio. E assim fez.
Mesmo num terreno bastante acidentado, Paulo conseguiu plantar uma grande diversidade de árvores frutíferas e especiarias. Ele também imprimiu pela casa objetos, pinturas e expressões artísticas que oferecem possibilidades de experiências diversas por quem visita Canto Alegre Pernambuco.
O próximo projeto de Paulo já está a caminho e estará instalado no coração da cidade do Recife. O Hostel Zili Pernambuco nasceu da necessidade de atender a um público que é mais ligado aos centros urbanos. “Além do hostel, lá vai funcionar um coworking, um coliving, um clube cultural, que respeita todas as expressões artísticas e ainda oferecer a experiência de um camping urbano”, disse.
Desde o dia 28/10 está aberta a temporada “Vamos viver de brisa”, que seguirá por um ano inteiro. “Nesta temporada, vamos focar na qualidade de vida, onde as pessoas poderão viver várias experiências. Queremos promover uma interação mais humanizada e simples, que realmente desperte o brilho nos olhos dos nossos hóspedes. Mostrar que o dinheiro é necessário sim, como um ingrediente, não como prato principal da vida”, considerou.
Paulo prioriza o turismo sustentável, como um condutor entre a gestão das necessidades e recursos. Isso referente a aspectos econômicos, sociais e ambientais em cada espaço que oferece aos turistas. Ele preza pelo turismo responsável e coerente, à medida que coloca a integridade cultural e moral dos processos ecológicos e da diversidade biológica, assumindo assim um equilíbrio entre turismo e meio ambiente, proporcionando melhor qualidade de vida aos que participam dessa experiência.
