Artesã trabalha com produtos em tecido usando criatividade e estímulo a brincadeiras interativas

Jogos interativos com artesanato em tecido. Esse é o carro-chefe do negócio desenvolvido pela carioca Márcia Alessandra que, junto ao esposo e a filha, escolheu João Pessoa para moradia. Por cerca de 18 anos, eles saíam do Rio de Janeiro para passar férias na capital paraibana. Num determinado momento, criaram o desejo de morar na cidade. E isso aconteceu, em janeiro do ano passado.

Márcia conta que sempre percebeu sua veia artística, desenhando roupas, joias etc. Ela fez curso superior em Publicidade e Propaganda, mas foi quando a filha nasceu que descobriu a aptidão para artes decorativas e criação de brinquedos.

“Fiz a decoração do quarto da Júlia e depois vieram os presentes para as professoras e amiguinhas da escola. Passei a organizar festinhas temáticas, na minha casa, para as crianças. Fazia as fantasias de personagens do folclore infantil, animais... e sempre me divertia muito com tudo isso”, conta.

Mesmo sabendo da sua aptidão para as artes, Márcia decidiu fazer um outro curso, o de Direito, e atuou na área por 18 anos. Mas, quando chegou a João Pessoa não quis continuar no ramo. Como já fazia as festinhas temáticas, joguinhos para a criançada, resolveu usar esse dom para ganhar dinheiro e acompanhar, mais de perto, o crescimento e as adaptações da filha.

Márcia usou as redes sociais para divulgar os produtos e, daí em diante, passou, também, a participar de feiras de artesanato, da economia criativa... o que proporcionou maior visibilidade à sua arte.

O artesanato simples, feito em tecido, passou a ganhar espaço pela inovação e criatividade. Pais e filhos participavam juntos das brincadeiras e os joguinhos foram ficando, cada vez, mais interativos.

“Esse é o diferencial do meu artesanato. As crianças querem brincar com papais, mamães, vovós... Todos sentam por dez ou quinze minutos, lá no chão da sala, e brincam muito. São os jogos de antigamente... jogo da velha, quebra-cabeça, montagem de sorvetinho, cupcake, roupinhas... tudo com tecido”, explicou Márcia.

Ela também usa figuras de animais para criar objetos de uso diário e que podem se tornar brinquedos interativos, a exemplo do estojo escolar que vira fantoche.

“Eu faço estojo de tubarão, de jacaré, dinossauro... Usando a criatividade, eles se tornam brinquedos na mão do pai ou do filho. Hoje em dia, nós temos tantos jogos eletrônicos que fazem as crianças se sentirem muito sozinhas, se tornam mais individualistas. Os joguinhos que a gente oferece fazem com que eles voltem a interagir, ter aquela competição saudável, estimula sentidos e desenvolve reações que os joguinhos de celular não oferecem”, concluiu Márcia.

Além disso, o ateliê @marciaaleejuliaale também confecciona artigos para o público adolescente e adulto, como bolsas, necessarie, porta-tablet etc. “O que o público me pede eu faço. Nas feiras, eu procuro esse feedback”.

A arte interativa que Márcia desenvolve contribuiu, principalmente, para a relação mãe e filha, algo da qual ela se orgulha muito. “Minha filha tem 14 anos, e, até hoje, gosta de brincar e conversar comigo. Chego das feiras, das entrevistas e é com ela, uma menina de 14 anos, que sento e troco ideias. E tudo isso porque sempre tivemos interação, desde a infância dela”.

Alzheimer, Síndrome de Down e Autismo

O artesanato da Márcia contribui, ainda, para desenvolver a capacidade criativa e psicomotora em situações bem específicas. Ela é procurada por idosos, por pessoas com mal de alzheimer, síndrome de down e autismo. Professores do ensino infantil também buscam as peças para usar em sala de aula com os estudantes. “É tão lindo tudo isso”, comenta Márcia, orgulhosa.

*Márcia participa de uma feira mensal, dentro de um colégio particular em João Pessoa. Ela tem procurado parcerias para expandir ainda mais o seu trabalho.

Reportagem: Josi Simão