Jovens de diferentes áreas de atuação se reúnem para oferecer espaço de crescimento educacional a crianças em situação de vulnerabilidade social.
O grupo conta com uma professora, jornalistas, administradores, advogada, médico, bombeiro, engenheiro. São pelo menos 17 profissionais, de diversas áreas de atuação, que participam como voluntários e apoiadores da ONG Epopeia, em João Pessoa. Oficializado em 28 de abril de 2011, o projeto nasceu do desejo de um bombeiro militar, Eliude Santiago, que decidiu concretizar um sonho: oferecer um espaço de reforço educacional e gerar oportunidades para crianças carentes.
Defendendo o pensamento de que a educação tem o poder de transformar o mundo, de mudar a vida das pessoas, Eliude convidou parentes e amigos. À medida que o trabalho crescia, outras pessoas se identificavam e passavam a somar forças com os demais.
Foram várias ações sociais, como a ‘Comemoração do Dia das Crianças’, ‘Confraternizações de Natal’ etc. “O primeiro momento foi mobilizações para conseguir estruturar melhor a ONG”, disse uma das voluntárias, Luziane Lima. Com isso, o grupo conseguiu alugar uma casa e reforçou o trabalho com uma média de 25 crianças, inicialmente.
O que é mais desafiador
Um dos pontos desafiadores na condução desse tipo de trabalho, segundo Luziane, se dá pelo fato do grupo depender da disponibilidade das pessoas. Segundo a voluntária, muitos externam o desejo de querer ajudar, mas, na hora de colocar em prática, não executa da maneira como era esperado. “Isso gera expectativa e muitas vezes é difícil manter uma periodicidade, um compromisso com relação a horários, justamente porque não tem esse vínculo formal como uma empresa... exige muito da boa vontade de cada pessoa”, disse.
Momento de recomeço
Com o passar dos anos, a entidade começou a enfrentar sérios problemas financeiros e o distanciamento de alguns apoiadores. O grupo precisou entregar o prédio onde funcionava. De acordo com Thamyres Máximo, que atualmente gerencia o trabalho da ONG, neste momento de crise, os voluntários eram escassos, os doadores de dinheiro também e, consequentemente, o número de crianças foi diminuindo.
“Foi então que a diretoria, vigente de 2017, convocou uma reunião e informou da situação difícil que estavam passando. Eu e outras voluntárias (Rayssa Medeiros, Amanda Gomes, Luziane Lima e Isabelly Muniz) resolvemos assumir a diretoria”, contou.
Para dar continuidade ao projeto, a Epopeia precisou mudar a forma de funcionamento, “já que não estávamos com voluntários suficientes pra dar andamento, não tínhamos arrecadação financeira”, revelou Thamyres. Resolveram trabalhar com ‘Ações’! Fecharam parceria com uma escola estadual e, pelo espaço cedido, passaram a ministrar oficinas e a realizar eventos, sempre mantendo o foco inicial, voltados pra educação e empreendedorismo.
Mudanças estratégicas
Neste ano de 2019, a ONG decidiu fazer uma nova mudança na estratégia de trabalho. “Havia, no coração dos voluntários, o desejo de servir a crianças mais humildes e menores (de 5 a 15 anos de idade)”, comentou. Numa das reuniões, o grupo planejou estrategicamente a instituição. No primeiro semestre, os voluntários fizeram algumas ações pontuais e, de julho a dezembro, escolheram a Comunidade do Iraque, em Mangabeira, e as crianças da Escolinha Dona Boneca para desenvolverem as atividades.
Na Escolinha da Dona Boneca, que já funciona com um trabalho voluntário das professoras, viram algumas necessidades urgentes. “Vimos que lá, a necessidade maior das crianças é por alimentação. Então, fizemos campanhas para arrecadar alimentos. No dia das crianças, eles ganharam uma festa”, disse Thamyres.
Passaram a ajudar, também, o grupo Escolha Amar, que trabalha com moradores de rua e comunidades. Fizeram uma festa para moradores e crianças do bairro Muçumagro, em João Pessoa.
Segundo Thamyres, neste ano, contaram com a participação ativa de pelo menos 17 voluntários e apoiadores nas atividades. “Mas, muita gente nos ajuda pelo Instagram (@epopeiaong). O perfil acaba sendo uma ferramenta essencial para que as pessoas conheçam esse trabalho. Na última ação para Dona Boneca foram 9 voluntários, e mais de 20 pessoas que ajudaram, depois que viram a campanha pelo Instagram, contou.
Por meio desta arrecadação, a ONG conseguiu doar 48 kits de higiene pessoal (com escova de dente, creme dental, shampoo, sabonete e perfumes infantis). Funcionários de uma empresa privada arrecadaram mais de 60 brinquedos novos para doar a todas as crianças. Algumas doações foram em dinheiro, que foi usado para comprar o material da Ceia de Natal, refrigerantes e complementar os itens dos kits de higiene.
Planos para 2020
E o grupo já tem uma meta para 2020: desenvolver as atividades junto a mais duas instituições, uma a cada semestre. “Vamos prestar essa assistência conforme a necessidade local. Ainda estamos definindo a primeira instituição de João Pessoa. Mas, o pré-requisito para fecharmos essa parceria é que elas tenham um trabalho voltado a educação de crianças”, ponderou Thamyres, acrescentando: “Nosso objetivo é, nos próximos anos, voltarmos a ter uma sede para atender alguma comunidade da capital”.
O grupo pretende, ainda em 2020, colocar a lojinha da ONG em funcionamento. Vender camisetas brancas com uma estampa em lettering, doada por uma ilustradora de Brasília. “Entramos em contato pelo instagram pedindo um desconto de um lettering com a frase que escolhemos. Ela, depois de olhar nosso perfil nas redes sociais, decidiu doar”. O grupo fechou parceria com uma estamparia da cidade e a proprietária doou as camisas dos voluntários. Os demais itens, como camisetas, canecas, bolsas estampadas... vão vender na lojinha.
