André Peçanha queria apenas consertar um celular, mas depois de ir a várias lojas e não encontrar solução, decidiu abrir uma instituição que pudesse promover conhecimento nesse sentido.

O que você faria se precisasse resolver um problema e não encontrasse a solução da maneira como você gostaria? Vamos dizer que você estivesse com o celular quebrado, procurasse assistência técnica e, depois de entrar em diversas lojas, voltasse para casa com o aparelho do mesmo jeito. Faltou atendimento adequado e serviço especializado. O que você faria? Foi o que aconteceu com o farmacêutico André Peçanha, que na época estava desempregado. E foi como surgiu a Super Choque, a primeira escola voltada, exclusivamente, ao ensino de assistência técnica na Paraíba, nas áreas de elétrica, eletrônica e tecnologia.

André, de 34 anos, é natural de São Paulo. Há cerca de cinco anos, decidiu morar em João Pessoa. Formado em Farmácia, não conseguiu emprego na sua área e, como precisava trabalhar, abriu-se para outras possibilidades. Foi vendedor de cursos numa escola profissionalizante. “Eu estava me adaptando à cidade e não podia ficar parado. Vi uma oportunidade na escola e não pensei duas vezes. Aceitei o emprego e me dediquei muito”, lembra. Mas, a unidade fechou pouco tempo depois. André estava desempregado mais uma vez. Nessa época, ele, que estava com o celular quebrado, resolveu procurar assistência técnica para consertar o aparelho e voltar a cair em campo em busca de novo posto no mercado.

A grande ideia

“Eu só queria consertar o celular. Mas, depois de entrar em várias lojas e perceber a falta de qualificação das pessoas, desde o péssimo atendimento à falta de estrutura para resolver um problema aparentemente simples, eu tive um insight”, conta o empreendedor. “Percebi que existia um problemão que o mercado não estava preparado para resolver de maneira ágil e eficiente. Passei a noite pensando em como resolver aquilo... Foi aí que surgiu a ideia: abrir uma escola onde fosse possível ensinar outras pessoas a resolver esse e outros problemas como eu, consumidor, esperava”, complementa.  

André não tinha dinheiro. Vendeu o carro, pediu dinheiro emprestado e alugou um imóvel, bem localizado, no centro de João Pessoa. Era o início da Super Choque. O próprio empreendedor botou a mão na massa. Literalmente. Lixou, emassou, pintou, montou alguns móveis. Ele lembra, com orgulho, de tudo isso. E sabe o que foi mais difícil?

Ouça o que ele diz:

Os diferenciais

Empreender sem oferecer um grande diferencial não faz parte do modelo de negócio pensado por André. E ele não queria ter apenas um diferencial, mas vários. Observou que a maioria das escolas profissionalizantes preparava o aluno para ser empregado. André queria formar pessoas para serem empreendedoras, donas de negócios próprios, como ele, que sempre quis seguir por esse caminho, desde a infância, quando vendeu alguns carrinhos de brinquedo, na porta de casa, na expectativa lucrar com isso.  

“Quando o nosso aluno, formado, está no mercado a gente presta auxílio. Até porque sabemos que o apoio é fundamental nessa fase de adaptação. E, se mesmo aquele que quiser empreender e não tiver dinheiro, inicialmente, para comprar equipamentos, por exemplo...nós emprestamos. Temos um espaço, aqui na escola, onde os ex-alunos podem usar para atender aos clientes deles”, explica.

Hoje, a Super Choque oferece cursos de assistência técnica para celular, instalação e manutenção de ar condicionado, instalação de placas fotovoltaicas, eletrônica para placas de diversos tipos, automação residencial, instalação de cercas elétricas e alarmes, portões eletrônicos etc.

Expansão

A empresa, atualmente, continua com a sede, em João Pessoa, aberta em março de 2017, e com a unidade de Campina Grande, que começou a funcionar sete meses depois. Para 2020, a meta é abrir novas unidades. As prováveis localidades estão sendo analisadas. O grande objetivo para os próximos meses é transformar a marca em franquia.

“A gente está preparando a escola para isso. Estamos elaborando manuais, realizando alguns procedimentos internos, criando softwares... A ideia é expandir como franquia e colocar alguns produtos para venda também, uma forma de reforçar a oferta de cursos”, revelou André, que hoje profere até palestra mostrando a outras pessoas o seu exemplo de empreendedorismo.