Ideias Positivas

Em João Pessoa, estudante africana abre negócio de comidas típicas

Atualizada em 26/02/2022 às 11:24
Por Josi

Apaixonada pela cozinha, Olyta sonha em tornar a culinária africana tão conhecida e apreciada quanto a de tantas outras culturas estrangeiras no Brasil.


A estudante estrangeira de 26 anos, nascida em Benim, um pequeno país a oeste da África, Olyta Wintona, iniciou a venda de comidas africanas @afri_lanche no mês de maio, em meio a pandemia. Ela está em João Pessoa – PB, desde março de 2019, quando chegou para estudar medicina na Universidade Federal da Paraíba, por meio de um programa de convênio de Graduação do Brasil com outros países. No início do ano ainda, ela foi várias vezes no ‘Parque da Lagoa’, na região central da cidade, vender salgados, sucos, tentando identificar um público e local melhor para apresentar suas receitas.


“Em maio, quando comecei as vendas das comidas típicas mesmo da África, enfrentei dificuldades porque as pessoas não conheciam a nossa culinária. Era, às vezes, apenas um pedido por semana. Ainda enfrentava também a falta de aceitação do preço. Mas, à medida que experimentavam, me mandavam feedback de que tinham gostado e os pedidos começaram a aumentar. Saímos de 1 a 2 por semana para 8 por dia, atualmente”, contou.

Feedback dos clientes que já experimentaram das comidas africanas feitas por Olyta, em João Pessoa


Olyta é a única filha mulher de uma família de cinco irmãos e sempre foi ensinada a ser uma boa cozinheira. Antes de chegar ao Brasil morou nos EUA, estudando biotecnologia por seis anos. No seu último ano lá conheceu o Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G), que oferece oportunidades a estudantes de países em desenvolvimento com os quais o Brasil mantém acordo educacional, cultural ou científico-tecnológico. Movida pelo desejo de conhecer outros países e culturas, se inscreveu e conseguiu uma vaga no curso de medicina na Universidade Federal da Paraíba, em João Pessoa. Com o passar dos dias na capital paraibana percebeu que não encontrava um lugar que oferecesse comida africana e isso a surpreendeu.


“É muito difícil viver longe da família, dos amigos, falar uma língua diferente. Mas, a falta de um lugar onde comer da culinária africana me deixou decepcionada. Para mim, o que não deveria faltar no Brasil era um restaurante africano. Aqui em João Pessoa tem comida das mais diversas culturas, só não africana. Para mudar essa realidade e também ganhar algum dinheiro, resolvi ser a primeira, e fazendo algo que realmente amo, cozinhar”, contou.

O sonho de Olyta é levar as comidas africanas o mais longe possível, para que as pessoas conheçam os sabores de sua terra natal e percebam que há muito mais coisas boas da sua cultura a serem compartilhadas. “O meu desejo é que o Brasil tenha tanta influência da cultura africana como tem a de outros países. Acho realmente que a valorização da comida africana vai ajudar também a combater os preconceitos sobre as pessoas negras”, considerou.


Olyta preparando as refeições para atender os pedidos dos clientes


Quando a estudante começou a investir mais tempo na cozinha, devido a pandemia, as aulas estavam suspensas. “Aí foi mais fácil focar só nas comidas. Mas, quando começou as aulas online, tive que pedir para as pessoas fazerem os pedidos na noite anterior ou pelos menos 3 horas antes”, disse Olyta que atende sua clientela pelo perfil @afri_lanche no instagram ou pelo número de contato do WhatsApp, por enquanto. Ela já está se preparando para trabalhar também com as entregas pelo iFood.


“Mantemos todos os cuidados para evitar qualquer tipo de contaminação. Os pedidos passam só por duas pessoas, eu e a minha amiga, que faz as entregas. Sempre observando o uso do álcool em gel para limpar a mochila antes de colocar as embalagens”, reforçou.

Planos – Olyta pretender obter um espaço para montar o seu restaurante africano, onde as pessoas poderão ir comer e descobrir a arte culinária africana. “No momento, estou trabalhando para deixar as coisas mais formais e procurar o espaço adequado. Desejo que as pessoas deem à comida africana o mesmo respeito e valor que dão às outras”, revelou. 


“O que é diferente não precisa ser estranho. Não é porque vem da África que não pode ser bom. A comida africana é muito saudável” – Olyta Wintona

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