Ideias Positivas

Da mesa entre amigos para as prateleiras do mercado

Atualizada em 26/07/2021 às 12:05
Por Josi

Molho de tomate artesanal, que mudou a vida da paulista Ana Carolina Matavelli, vem conquistando paladares


Entre doses de vinhos, sorrisos e boas conversas nasceu um novo e saboroso negócio. Incentivada pelos amigos que degustavam as receitas com o seu molho de tomate, Ana Carolina Matavelli decidiu fazer desse diferencial caseiro o carro-chefe do seu empreendimento. A conhecida divulgação boca a boca foi o pontapé inicial nos primeiros passos desse investimento da paulista, que há nove anos escolheu a capital paraibana para viver. Carol é formada em Direito e, em 2010, largou o trabalho numa Secretaria de Governo, em Brasília, para desbravar novas oportunidades.  


Ativa e cheia de ideias, chegou a João Pessoa casada com um pernambucano e logo buscou investir em algo. “Abrimos (Carol e o esposo, na época) uma franquia que já tinha em Brasília, na área de estética, e lançamos a fotodepilação na capital paraibana. As pessoas não sabiam ainda o que era esse procedimento. Fomos pioneiros! Deu certo e abrimos uma segunda unidade”, contou. Tempos depois, Carol e o esposo se separaram. Com isso, ela resolveu vender a empresa.


Isso foi em meados de julho do ano passado, quando ela entrou num dilema: decidir se ficava em João Pessoa ou se voltava para São Paulo. “Já estava namorando outra pessoa e também tinha muitos amigos. Me sentia mais pessoense do que de Piracicaba, onde nasci. Ao mesmo tempo, não estava trabalhando. Ficar parada não seria legal. Eu adoeci”, lembra, destacando que a separação do ex-companheiro e o falecimento do pai, em 2015, favoreceram o surgimento de um processo depressivo.


“Eu sempre me achei uma pessoa capacitada, inteligente, esforçada. E, naquele momento, eu não conseguia dar um passo à frente”, complementou. Como boa descendente de italianos, Carol começou a perceber, nesse período, que poderia apostar nos molhos de tomate que faziam sucesso entre os amigos. “Eu gosto de massas, de vinho, de mesa, de gente, de bagunça, de uma boa discussão (risos)... E o molho sempre esteve presente nesses momentos”, revelou ao destacar que uma amiga foi a grande incentivadora dessa ideia. Nascia ali o Molho Matavelli!


Carol então começou a produzir e divulgar o seu produto, primeiramente entre as pessoas mais próximas. Foi do seu círculo de amizades para os moradores do condomínio e assim por diante. 


Os feedbacks foram positivos logo de cara. E à medida que as pessoas experimentavam se tornavam clientes e divulgadores, naturalmente, indicando para outros possíveis consumidores. Alguns meses depois, Carol percebeu que era o momento de profissionalizar o seu negócio. Procurou especialistas e descobriu que, mesmo sem ter conhecimento técnico do que produzia, ela desenvolvia uma receita de excelência, que podia oferecer, sem medo, ao público.


Mais saudável


Um dos diferenciais do molho foi a aposta nos ingredientes naturais e na produção artesanal. Carol, que teve uma infância numa fazenda da família, em São Paulo, queria oferecer o seu produto também para pessoas com restrições alimentares. “Eu observei que a receita, da forma original, não poderia ser consumida por diabéticos, crianças de 2 ou 3 anos, pessoas que vivem em dieta, que não consomem açúcar etc. Foi quando eu comecei a testar receitas que não perdessem o sabor e a qualidade, mas que pudessem alcançar esses grupos”, disse. 


Na análise à que o produto foi submetido, na Universidade Federal da Paraíba, foi constatado que três colheres de sopa do Molho Matavelli continham apenas 16 calorias, menos do que é encontrado numa pequena bala de doce, por exemplo. “Era o que precisava para cair em campo e divulgar em academias, para nutricionistas, médicos, nutrólogos, que começaram a indicar o produto para os seus pacientes”, disse. 


A advogada e empreendedora começava uma jornada de produção mais intensa e de entregas porta a porta. “Se a pessoa não tivesse em casa eu esperava, se chovia eu tava de galocha, na chuva, mas eu ía (risos). Pensava que só tinha um jeito do negócio dar certo: as pessoas me conhecendo”, relatou. E foi dando certo mesmo. Firme nesse propósito, Carol não media distâncias, nem esforços, para fazer tudo que precisava para crescer cada dia mais. Nesse ritmo ganhou não só clientes fiéis, mas bons apoiadores, que a fizeram chegar mais longe.


Parceiros


Em julho, deste ano, por meio de uma nutricionista, consumidora do molho, Carol teve a oportunidade de apresentar o seu produto para um dos responsáveis pelo Supermercado Manaíra, em João Pessoa. 


Surpreendida pela boa impressão do novo parceiro, saía dali mais feliz e confiante de que estava no caminho certo. “Quando eu divulguei a primeira parceria nas redes sociais, em menos de uma hora outro estabelecimento me procurou. Uma semana depois, eu tinha fechado outros quatro”, conta emocionada. Até o fechamento dessa reportagem, o Molho Matavelli estava sendo comercializado por oito estabelecimentos e um deles viabilizou a venda do produto para clientes em Recife”.


Internet


Numa época em que a internet se destaca nas divulgações comerciais, o Molho Matavelli reforça este caminho. Carol teve que perder a timidez para se expor e mostrar o seu produto. Foi aí que ela descobriu a força dos influenciadores digitais e chegou ao odontólogo Cássio Gadelha (foto abaixo - @cassiogadelha).

Ele atua na capital paraibana realizando procedimentos estéticos. Famoso pelo seu conteúdo descontraído nas redes sociais, é seguido por mais de meio milhão de perfis no Instagram. Carol foi estratégica. Procurou os serviços dele e, na bolsa, levou um presentinho especial: um pote do Molho Matavelli. Com essa atitude, o perfil do @molho_matavelli saiu de 80 para 300 seguidores em um dia. E segue crescendo.

Conferindo a produção do dia.


Produção


A fabricação do Molho Matavelli começou sendo feita uma vez por semana, sendo pouco mais de sete litros. À medida em que as encomendas aumentavam, a produção crescia. “Os tomates são lavados um a um, esterilizados, processados, têm a acidez retirada de forma natural, tudo bem artesanal mesmo. Comecei a trabalhar em cadeia de otimização de tempo”. Hoje, ela passa cerca de 18h por dia, produzindo uma média de 80 litros do molho diariamente. 


Projetos


O próximo passo de Ana Carolina é abrir a “Casa Matavelli”, espaço onde ela pretende não só comercializar o seu molho, mas promover momentos de descontração. Fazer outras pessoas vivenciarem a mesma experiência dos encontros entre amigos, onde nasceu a ideia do produto. “A minha obrigação, a minha responsabilidade comigo mesma, é fazer o Molho Matavelli crescer. Eu tenho um produto bom. As pessoas gostam. Então, o importante é acreditar e continuar investindo”, completou. 


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