Kamylla Caboim é confeiteira e se tornou um grande exemplo de perseverança no empreendedorismo
No Brasil, o número de mulheres empreendedoras, segundo dados do Sebrae em 2020, representa 34%, ou seja, 9,3 milhões de mulheres fazem parte do mundo do empreendedorismo, seja ele de pequeno ou de grande porte. Kamylla de Almeida Camboim faz parte dessa porcentagem e vem ganhando, cada vez mais, notoriedade no mercado da confeitaria em João Pessoa. Há alguns anos, Kamylla estava recém-divorciada e com uma filha de um ano, com problemas de saúde. Para “se virar”, teve a ideia de vender docinhos e gerar sua própria renda.
O começo de um sonho empreendedor
Foto: Época em que Kamylla Camboim vendia seus doces na feira.
Sem renda fixa, Kamylla resolveu apostar na produção de docinhos caseiros e começou a vender, inicialmente, para os vizinhos do condomínio onde morava, de favor, na casa dos familiares. Com uma lata de leite condensado e achocolatado, que encontrou no armário da cozinha, ela fez alguns brigadeiros e conseguiu vender todos no mesmo dia.
O resultado motivou a aumentar a produção e com mais opções de compra para os clientes/vizinhos, como por exemplo a “Marmitinha dos Docinhos”, que tinha 12 brigadeiros, que custava R$15. Mais uma vez, ela conseguiu vender todos no mesmo dia.
“Era um sonho ter o meu próprio negócio. Eu sou uma pessoa que gosta muito de liderar e fazer os meus próprios horários. Sempre me vi com um potencial enorme de ganhar o meu dinheiro e fazer a minha renda crescer mais e mais. Eu me sentia muito “presa” com uma carteira assinada, achava pouco para mim e sempre achei que tinha potencial de construir algo maior. E, muito disso, se deve ao meu pai, que por muitos anos foi comerciante em Patos, sempre trabalhou com vendas e eu estava no meio dos negócios dele aprendendo sobre como vender. É uma herança que aprendi com ele”, disse a empreendedora.
Apesar de ter se tornado empreendedora por necessidade, o sentimento de ser “dona do próprio nariz" surgiu ainda na adolescência, aos 14 anos, quando sua avó deu ideia de que ela pintasse panos de pratos para vender. Foi o que ela fez. Anos mais tarde, Kamylla teve uma loja de roupas femininas, mas com uma gravidez de risco, que acabou desenvolvendo, teve que fechar o local para cuidar da gestação. Durante o primeiro ano de sua filha, a empreendedora resolveu se dedicar totalmente aos cuidados da menina.
Pandemia e nova gravidez de risco
Depois de um tempo que começou a vender os docinhos, Kamylla buscou se aperfeiçoar no ramo, fazendo cursos, conseguindo abrir o próprio ateliê e, também, virando professora. Depois de três anos trabalhando sem parar, todos os dias na confeitaria, ela resolveu tirar férias de dois meses para descansar. Foi logo no início da pandemia no Brasil. Neste mesmo período, coincidiu que ela engravidasse novamente, do seu filho caçula. Mais uma gravidez de risco. Ela passou a pegar encomendas menores.
A inundação do ateliê e a ajuda de GKay
Ainda em 2020, durante o inverno em João Pessoa, uma forte chuva inundou o ateliê de Kamylla, que ficava localizado no bairro do Cabo Branco. A inundação alagou todo o local onde ela trabalhava, estragou toda a matéria-prima dos doces e a jovem se encontrou, mais uma vez, desesperada, pois não tinha um capital-reserva para eventuais fatalidades como essas.
“Foi muito desesperador, porque eu tinha uma rotina muito puxada, administrando tudo sozinha. Jamais imaginava que passaria por uma inundação. Eu investi muito na doceria e não tinha dinheiro reservado. Isso me abalou muito e eu não sabia se conseguiria me reestruturar novamente, porque além de perder todo o material da confeitaria perdi também os móveis da minha casa.”, declarou a empreendedora.
Kamylla sempre teve hábito de registrar toda a rotina nas redes sociais e os seus seguidores, na época, já sabiam que ela tinha uma rotina puxada, trabalhando de madrugada e estudando nos fins de semana para a pós-graduação. Quando houve a inundação, a “internet” ajudou, passou a compartilhar o que havia acontecido e a história chegou até a influenciadora digital GKay.
Com ajuda dos seguidores, Gkay deu visibilidade ao trabalho da confeitaria, ajudou Kamylla com os materiais, pediu para as pessoas conhecerem o trabalho da marca dela no Instagram e que fizessem seus pedidos com ela para ajudá-la naquele momento de fragilidade. E deu muito certo. Tão certo, que Kamylla teve que negar pedidos porque passou a não ter mais espaço na agenda e nem tempo para atender a todos. “A GKay foi uma pessoa enviada por Deus. Ela e toda a equipe foram pessoas que me ajudaram muito e eu só tenho a agradecer”, ressaltou Kamylla.
A confeitaria hoje e o curso on-line
Foto: Hoje, Kamylla produz bolos para aniversário e está com um novo espaço para o ateliê.
Depois da tempestade veio a calmaria e Kamylla, que começou vendendo docinhos, hoje tem a sua confeitaria, no Cabo Branco, que conta também com a ajuda de seu marido, Plácido Gouveia de Araújo. Eles expandiram bastante a marca, com uma variedade de opções na doceria. Os “kits de festas” são os mais pedidos entre os clientes, com valores promocionais acessíveis. Além disso, tem os bolos nakeds, brownies, cupcakes, tortas e os famosos bolos personalizados de chantininho. Para este ano, a Kamylla já está com turmas fechadas para aulas de um curso presencial. Almeja dar novos voos e planeja lançar o seu primeiro curso on-line, algo que já tinha nos planos de fazer há um tempo.
A importância das redes sociais
As redes sociais têm um papel importantíssimo na divulgação da empresa. Kamylla reconhece que é uma ótima maneira de divulgar o produto, humanizando a marca, postando sobre os processos da confeitaria, a história de como tudo começou, bastidores da produção etc. Hoje, seu principal propósito é expandir, ainda mais, a confeitaria e as redes sociais ajudam nesse sentido.
