Inclusão alimentar pode fortalecer ainda mais o turismo
local
Uma empresa que produz pães e bolos artesanais sem glúten e
sem lactose, é atendida pelo Sebrae Paraíba através do Brasil Mais-ALI,
programa gratuito desenvolvido pelo governo federal com apoio da instituição.
Conforme contou a empreendedora, inicialmente os produtos eram feitos apenas
para consumo próprio e, aos poucos, amigos próximos foram experimentando e
começaram a incentivar a venda para outras pessoas com a mesma condição. Parte
do incentivo decorreu, também, do fato de a cidade ter poucas opções de
estabelecimentos com a alimentação tão específica, ou seja, sem trigo ou
qualquer derivado e com cuidado redobrado em relação à contaminação cruzada.
Dessa forma, não somente o público celíaco que mora em João
Pessoa é atendido, mas turistas com a mesma condição têm buscado entrar em
contato para que a experiência de conhecer a cidade possa ser a melhor
possível. Somente no final do ano passado, pelo menos 15 pessoas com a doença
celíaca entraram em contato para saber mais informações sobre produtos,
agendamento e opções de entrega. A empresa, que possui loja on-line, também faz
delivery.
Imagine chegar a um hotel para comer a principal refeição do
dia, mas a equipe não ter o menor preparo para acolher sua necessidade
específica? Isto foi o que aconteceu com a empresária Élida Amorim que, ao
viajar após ter sido diagnosticada com a doença celíaca (condição autoimune
causada pela intolerância ao glúten), passou por inúmeros constrangimentos,
levando-a a abrir a 'Delaine sem Trigo' em setembro de 2020 na capital
paraibana.
“A Delaine sem Trigo nasceu para facilitar a vida das
pessoas, principalmente quem tem a condição como a minha. A doença celíaca não
só exclui a pessoa de comer certas comidas, como também da vida social. Poder
proporcionar um alimento seguro é prazeroso para mim. Um dos sonhos que tenho
é, com a empresa, transformar a vida das pessoas na rede hoteleira. São várias
doenças que possuem dificuldades relacionadas à alimentação sem lactose e sem
glúten, mas não vemos a inclusão alimentar em hotéis e restaurantes. É
importante pensar neste público e acolhê-lo”, destacou.
Desafios – De acordo com o agente local de inovação que está
atendendo a empresa durante o terceiro ciclo do Brasil Mais-ALI, João Antônio
da Silva Neto, por ser um produto voltado a um nicho específico, o desafio é
fazer com que o público seleto tenha conhecimento da empresa e de seus
produtos. “Estamos trabalhando para que outros públicos, além dos celíacos,
enxerguem valor nos produtos por serem saudáveis e feitos com ingredientes de
alta qualidade. Para isso, estamos buscando parcerias com nutricionistas,
nutrólogos e influenciadores digitais do ramo saúde e fitness. Também estamos
buscando parcerias B2B com lanchonetes, hotéis, pousadas e buffets”, explicou.
Além disso, o agente afirmou que, para os celíacos que
gostam de viajar, é uma prática comum pesquisar sobre a venda de produtos sem
glúten na cidade de destino. “Viajar para uma cidade sem esse tipo de suporte
torna a viagem mais tensa e, consequentemente, menos prazerosa. Uma vez que o
comércio de produtos para celíacos se fortalece, a cidade se torna o lugar
ideal para receber esse tipo de público. Convém ressaltar, ainda, que ofertar
produtos sem glúten se torna um diferencial para o estabelecimento que quer
acolher todo e qualquer turista”, enfatizou, frisando a necessidade de apoio e
conscientização do ecossistema e da cadeia produtiva.
“Com a adesão da rede hoteleira, apoio de fornecedores,
comerciantes locais e incentivos fiscais e legais vindos da prefeitura será
possível tornar João Pessoa a cidade número um no atendimento de celíacos de
todo Brasil”, finalizou. (Com Assessoria)