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“Paixão pelo hobby é importante, mas precisa vir acompanhada da profissionalização”

Atualizada em 04/08/2021 às 09:37
Por Redação

Especialistas em cerveja artesanal discutiram desenvolvimento do mercado durante Festival no Mangabeira Shopping, em JP


Os produtores de cerveja artesanal são conhecidos por serem bastante apaixonados pela iguaria. Entretanto, somente a paixão não garante a sustentabilidade do negócio e, por isso, é importante buscar a profissionalização. Para tratar desse tema, o Sebrae Paraíba trouxe especialistas nacionais que ministraram palestras durante o Festival Experimenta – Edição Cerveja Artesanal, ocorrido neste final de semana em parceria com o Mangabeira Shopping. O evento foi o primeiro a reunir, no mesmo espaço, conhecimento técnico, cervejas produzidas no estado e atrações musicais.


Para o diretor de relações institucionais da Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva), Alberto Nascimento, que proferiu palestra com o tema “Cerveja artesanal independente – mercado, desafios e oportunidades”, o mercado é promissor e apresenta bom crescimento, mas apresenta particularidades que exigem do empreendedor um bom planejamento estratégico. “Desafios como carga tributária elevada, custo de frete e de insumos fazem com que a paixão que move o cervejeiro tenha de estar aliada a um estudo e bom modelo de negócios para ter viabilidade e saúde financeira”, afirmou, acrescentando que os festivais são a melhor maneira de formar a cultura de consumo de cerveja artesanal.


Com a temática “Cerveja: do hobby à profissionalização”, a engenheira química e especialista em Biotecnologia e Bioprocessos, Chiara Barros, afirmou, durante palestra, que a paixão pelo hobby é importante porque desperta a vontade de mudar e de produzir algo que faça a diferença. “Porém, ela precisa ser acompanhada da profissionalização. A transição da panela para as tinas e tanques necessita de estudo, tanto do processo quanto do negócio”, avaliou. Além disso, a especialista destacou a informação, com a busca por cursos, visitas e palestras, além da montagem de um plano de negócios consistente como cuidados a se ter antes de abrir um negócio no mercado de cerveja artesanal. “O maior erro cometido hoje em dia é achar que o hobby pode virar um negócio sem uma análise prévia do negócio e sem planejamento”, frisou.


Para o gerente da agência Sul do Sebrae Paraíba, Cláudio Soares, o evento foi uma ótima oportunidade para aproximar a instituição do público de cervejeiros locais, além de mostrar as possibilidades de desenvolvimento do setor no estado. "É um segmento novo e que tem crescido bastante. O potencial de expansão existe, mas a fatia de mercado que ainda precisa alcançar é grande, o que gera oportunidades de atuação para o Sebrae, com a realização de ações em áreas como gestão financeira, de marketing e de inovação", afirmou, destacando a oferta de palestras, incluindo a participação da Abracerva, como importantes para fomentar ainda mais o segmento.


Carga Tributária é desafio 


Para os cervejeiros, o principal desafio do mercado artesanal é a alta tributação, seja nos insumos ou equipamentos utilizados para produzir a cerveja. Registrada há um ano e meio no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a cervejaria paraibana Maledita consegue produzir, mensalmente, 400 litros do produto. “O que mais impossibilita o crescimento são os impostos. Outro desafio é criar a cultura de consumo da cerveja artesanal, por isso festivais como este são importantes para divulgar o produto. O apoio do Sebrae também é fundamental para empreender”, destacou Alexandre Guedes, um dos sócios da cervejaria.


O empreendedor Edson Freitas, da cervejaria pernambucana Babylon, explicou que está há três anos e meio no mercado e consegue produzir, em média, 50 mil litros de cerveja divididos em quatro estilos. “Temos inúmeros desafios e a carga tributária talvez seja o maior problema de qualquer pequena cervejaria. As grandes empresas têm isenção e conseguem chegar nos pontos de venda com preços competitivos. A mão de obra é outro ponto que a maior parte dos empreendedores do país tem dificuldade. Porém, conseguimos superar os desafios e, com a participação em festivais, divulgar e fortalecer a cultura da cerveja artesanal”, afirmou. Atualmente, a cervejaria emprega, direta e indiretamente, 30 pessoas. (Com assessoria)

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