Três artesãs da Associação das Mulheres Agroextrativistas do
Médio Juruá (ASMAMJ) desembarcaram no último fim de semana em João Pessoa e
ficam até esta quarta-feira (9) na Paraíba. Elas vieram buscar capacitação
profissional e aprender a transformar escamas de peixe em arte, trabalho
desenvolvido pelas mulheres do projeto “Sereias da Penha”, da comunidade da
Praia da Penha, na Capital Paraibana.
As amazonenses que estão na Paraíba precisam enfrentar de
cinco a seis dias de barco, a depender do nível da água do rio, até chegar em
Manaus, para poder ter acesso ao aeroporto mais próximo. Sendo esse o acesso
com melhor custo benefício para quem precisa sair do município de Carauari, há
mais de 700 km da capital do Amazonas, e se encaminhar até o aeroporto. Mas o
trajeto não chegou nem perto de ser obstáculo perto do desejo de conhecer e aprender
as técnicas desenvolvidas pelas artesãs da Penha.
Com mais de 160 mulheres artesãs associadas, elas começaram
a trabalhar de maneira oficial com biojoias no ano passado, mas até então não
exploravam a escama de peixe, matéria prima comum na região, por desconhecer a
habilidade. E foi buscando conhecimento na internet, que descobriram o trabalho
das Sereias da Penha, em João Pessoa.
“Estamos iniciando agora um trabalho com as escamas de
peixe. A gente tinha um intercâmbio para fazer, voltado para escamas. Mas não
sabíamos para onde ir, onde buscar. Botei no google e foi o primeiro trabalho
que conhecemos, vimos o desfile de peças no São Paulo Fashion Week e que elas
atuam há um certo tempo. Fiz contato via rede social e as meninas foram super
receptivas para nos receber aqui. Por questões financeiras, só nós três podemos
vir, mas a experiência está sendo muito incrível e vamos passar tudo que
aprendemos para as outras associadas”, destacou Rosângela Cunha, integrante da
ASMAMJ.
As artesãs de Manaus trabalham com cipó, na confecção de
peneiras, vassouras, bordados, costuras, entre outros artigos. Na capacitação
com as Sereias, estão tendo a oportunidade de aprender mais sobre o macramê, o
crochê, o trato com a escama de peixe, pedrarias, na confecção de colares,
roupas, artigos para decoração, jarros e acessórios. A meta é que, ainda este
ano, as Sereias da Penha possam ir até Carauari, promover uma capacitação para
todas as artesãs da Associação e aprender um pouco do trabalho que desenvolvem
por lá.
“O trabalho das mulheres do projeto Sereias da Penha já foi
destaque no cenário nacional. São guerreiras daqui da capital, que transformam
um material que seria descartado em arte. Precisam desse incentivo e dessa
valorização. E esse apoio faz parte do novo modelo de gestão implantado pela Prefeitura
de João Pessoa, na gestão do prefeito Cícero Lucena, que valoriza o
microempreendedor e proporciona espaços de comercialização e capacitação dignos
para a melhoria das atividades”, destacou Fábio Carneiro, secretário de
Desenvolvimento Urbano da Capital.
Artigos de decoração – Além dos tradicionais acessórios como
brincos, colares, pulseiras, as Sereias da Penha também produzem artigos para
decoração da casa e do trabalho. Jarros, quadros, luminárias, crochê no fio de
cobre, cortinas, tudo trabalhado em escamas de peixes, conchas, entre outros
artigos. “A gente já produz essas peças há um tempo, decoramos a entrada do
Salão do Artesanato e foi um sucesso. Nos próximos dias vamos nos reunir para
pensar na próxima remessa de artigos para decoração. Caso o arquiteto,
designer, tenha um projeto pronto, a gente também recebe e busca atender a
demanda conforme o nosso trabalho. Temos feito parcerias assim”, destacou
Joseana Izidro, presidente da Associação Sereias da Penha.
Funcionamento – A galeria das Sereias da Penha está
localizada no Restaurante Muxima, à beira mar da Praia da Penha e funciona
todos os dias, das 9h às 16h. (Com Assessoria)