Ideias Positivas

Biólogo transforma-se em um dos mais atuantes agentes de turismo da PB

Atualizada em 01/03/2020 às 20:04
Por Redação

Leonardo começou fabricando embarcações, desenvolveu essa habilidade e descobriu o melhor meio para investir e crescer profissionalmente.

Richelle Bezerra e Jôsi Simão

Aluno de biologia da Universidade Federal da Paraíba, no final dos anos 1990, Leonardo Guedes recebeu um convite inusitado de um amigo de infância: construir uma embarcação. No primeiro momento, ele estranhou a ideia, mas porque não aproveitar o tempo ocioso, já que, na época, a UFPB estava enfrentando um período de greve geral? Como estava afastado da sala de aula, topou o desafio.

“Não existia Catamarã em João Pessoa, tinha apenas uma balsa flutuante, que fazia uns passeios para as piscinas naturais de Picãozinho, na praia de Tambaú”, disse.

Ele e o amigo Zé Carlos, que já construía embarcações (não para venda, mas para o próprio uso), fizeram o primeiro barco e gostaram do resultado final. “Ficou muito bem feito. Inclusive, ainda hoje, existe esse barco. Foi vendido, mas ainda está em atividade”, contou.

Em 1998, os amigos iniciaram passeios, com aquele barco, para as piscinas naturais de Picãozinho. Era o pontapé inicial dos passeios turísticos naquela área. “Nossos primeiros clientes eram as pessoas que já estavam ali pelas praias ou que algum amigo nosso trazia”.

Leonardo adquiriu, na mesma época, um bugue e fazia passeios turísticos com esse veículo, geralmente usado com fins recreativos. “Resolvi também fazer o curso de guia de turismo. Havia poucas agências na cidade, acho que duas ou três. O turismo estava engatinhando quando a gente começou com esses passeios, de aproximadamente três horas, para as piscinas naturais”, disse.

Segundo Leonardo, o diferencial é o atendimento e, também, a qualidade das embarcações. “Como são barcos que eu mesmo fabrico tenho certo cuidado com acabamento e funcionalidade”, ressaltou.

Atualmente, além dos passeios para Picãozinho, o Catamarã de Leonardo leva os passageiros para as piscinas naturais do Seixas (ponto mais oriental das Américas); para Areia Vermelha, na praia de Camboinha; e para a Praia do Jacaré, em Cabedelo, com objetivo de proporcionar aos turistas a contemplação do famoso ‘Pôr do Sol’ daquele lugar, ao som do Bolero de Ravel, tocado pelo artista paraibano Jurandy do Sax.

As embarcações de Leonardo também são alugadas para comemorações de aniversários, casamentos, confraternizações, festas de 15 anos etc. “Evidenciamos a qualidade e o atendimento que oferecemos para servir aos nossos clientes, além da segurança. Porque com o mar não se brinca”, reforçou.

A veia empreendedora do biólogo foi uma descoberta que nasceu naquela brincadeira de construir barcos. “Eu nunca havia pensado, antes disso acontecer, em empreender. Tudo começou como uma grande brincadeira, na verdade. Mas, eu só vi a possibilidade de entrar de fato no negócio quando já fazia passeios de bugue”, contou.

Ele comprou o bugue com o dinheiro que começou a juntar dos passeios de barco. “Eu era estudante, não tinha muita preocupação ainda com aquele trabalho. Também, na época, era atleta, jogava vôlei de praia e viajava bastante”, disse. Mas, com o passar do tempo, Leonardo foi percebendo que as embarcações rendiam um bom retorno financeiro. Deixou o bugue de lado e resolveu investir apenas nos passeios de barco.

“Comprei um outro pequeno e fui aumentando a quantidade aos poucos. Era um barco com capacidade para 28 pessoas, depois aumentei a embarcação, eu mesmo, para caber 40 passageiros. Comprei outro para 40 pessoas e aumentei a capacidade para 70. Depois desse, comprei um para 120. Hoje, nós temos cinco embarcações com capacidade para até 300 passageiros”, calculou.

Segundo ele, a parte mais desafiadora no empreendedorismo turístico é a concorrência. “Há muita desorganização no meio e falta mais fiscalização dos órgãos públicos e isso atrapalha o nosso trabalho profissional. Vemos muitos clientes depreciarem nosso mercado, devido à falta de competência de alguns”, lamentou.

Nos planos para o futuro do negócio, Leonardo pretende montar um restaurante flutuante. “Estamos estudando essa possibilidade”, falou, revelando que quer, também, ampliar o serviço para estados vizinhos. “Temos uma embarcação na Praia dos Carneiros, em Pernambuco. Estamos já com tudo certo para chegarmos também à Ilha de Itamaracá. E devemos fechar contrato no Rio Grande do Norte”, contou.

A turista Mariane Lima, professora, participou do passeio oferecido por Leonardo e sua equipe para as piscinas naturais dos Seixas. Ela esteve pela segunda vez a João Pessoa, porque se sentiu muito bem na cidade. “O que me trouxe de volta foram as pessoas, a receptividade, o acolhimento, fora a parte da beleza, que é exuberante. As piscinas são maravilhosas. No Norte, a gente não tem essa grandiosidade de mares. Estou maravilhada com tudo isso aqui”, festejou.

Para dar conta do trabalho, Leonardo conta com a parceria e compromisso do casal Edson Francisco de Paiva Silva e Luciene Camilo Feitosa dos Santos. Eles realizam, de forma conjunta, o passeio às piscinas naturais dos Seixas. Para Edson, um trabalho que exige cuidado e respeito com a natureza.

“Esse passeio começou com o Leonardo, dono da embarcação. Ele saía da Praia da Penha com destino às piscinas dos Seixas, mas tinha que passar por uma zona um pouco perigosa, tinha pedra no meio. Eu, como pescador, nascido e criado na região, ajudei a traçar uma nova rota. Negociamos com os pescadores e nos comprometemos a zelar pela preservação do lugar. Fazemos um trabalho de conscientização. Tudo tem seu limite para depois não perdermos de usufruir essas belezas naturais”, disse Edson.

Em um dos pontos de partida para as piscinas dos Seixas, os empreendedores ainda contam com o apoio do Restaurante Muxima, da também empreendedora Maria Aline Gouveia. "As parcerias são fundamentais para o crescimento de todos", ressaltou Leonardo.

Para mais informações sobre os passeios: (83) 99982-2983 ou no site http://www.maresiatour.com.br/ .

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