Moradores da zona rural dão exemplo de determinação, mostram como se readaptaram e estão minimizando os efeitos da covid-19

Atualizada em 26/08/2021 às 08:58 Por Richelle Bezerra / Apoio: Isabelle Vasconcelos
    Afetada pela instabilidade climática, carente de políticas públicas específicas e de melhores condições direcionadas a áreas como educação, saúde ou inclusão digital, a zona rural do Brasil responde por 15% da população do país, segundo a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD). Desde março de 2020, quando se intensificou a crise biossanitária referente à covid-19, os moradores dessas regiões se viram em um duplo desafio: driblar as já conhecidas dificuldades para quem mora no campo e encarar os novos problemas relacionados à pandemia. Se a situação ficou difícil nas áreas urbanas, imagine na rural? Como minimizar os prejuízos?

    A suspensão das feiras livres e dos eventos culturais, em virtude das medidas restritivas de isolamento social; o cancelamento de contratos com iniciativas como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA); além da rotineira inconstância na produção e nas safras exigiram dos trabalhadores rurais uma postura ainda mais determinada a superar desafios. As ações inovadoras passaram a ser essenciais. Passos importantes para o desenvolvimento rural diante do novo coronavírus. O povo guerreiro, perseverante e de muita fé teve que reafirmar suas principais características. No início, foi complicado. Mas, aos poucos, os moradores do campo mostraram que podem se superar, preservar suas culturas e se reinventar, criar alternativas e se adaptar, valorizar os anos de luta e empoderamento...passar por mais um desafio.

    O Ideia Positiva conta a história de cinco grupos formados, quase em sua totalidade, por mulheres. Representantes de regiões rurais da Paraíba que, em meio à covid-19, compartilharam seus exemplos de perseverança e empreendedorismo. Conheça Adilma Pereira Fernandes, Quitéria dos Santos Cunha, José Gerailton Alves Martins, Gileide Ferreira e Maria Regina Gomes. Integrantes de iniciativas beneficiadas com orientações, convênios e parcerias com instituições como o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e o Projeto de Desenvolvimento Sustentável do Cariri, Seridó e Curimataú (Procase), resultado de cooperação entre o Governo do Paraíba e o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), Organismo das Nações Unidas (ONU), que atende a 56 municípios do semiárido paraibano. 



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“As Margaridas” de Remígio

“A gente construiu tudo com muito esforço, determinação e coragem. Não podemos deixar esse sonho morrer”




A frase é de Adilma Pereira Fernandes, líder do grupo de mulheres “As Margaridas”, que reúne moradoras do assentamento Oziel Pereira, no município de Remígio, a 157 quilômetros da capital paraibana.  São oito mulheres que trabalham com produção de bolos, tapiocas e outros alimentos resultantes do beneficiamento da agricultura familiar. Formado em 2008, o grupo surgiu, incialmente, para produzir artesanato e, em 2013, fortaleceu o empoderamento feminino, gerando renda e orgulho para cada uma das integrantes com o novo direcionamento.

“É lindo ver que ‘As Margaridas’ têm estimulado as mulheres da comunidade como um todo. Uma das integrantes, por exemplo, que vivia praticamente da renda do Programa Bolsa Família, depois que começou a trabalhar conosco passou a ganhar um dinheiro extra que se transformou em algo fixo, o que a deixou bem animada. Ela chegou a tirar um salário mínimo por mês, refletindo um exemplo que motivou todo o grupo”, destacou Adilma.

O principal destino dos alimentos produzidos pelas “Margaridas” é o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que, por meio da Prefeitura do município, compra os produtos para transformar em merenda para os alunos da região. A cozinha utilizada pelas mulheres era improvisada. “As Margaridas” tinham um sonho: ter mais estrutura para organizar melhor o trabalho e expandir a comercialização.

“Foi aí que conseguimos um financiamento pelo Projeto de Desenvolvimento Sustentável do Cariri, Seridó e Curimataú (Procase). Recebemos investimento e, principalmente, orientação. Construímos uma cozinha-escola e um bistrô rural para vender lanches e refeições diariamente”, lembra a líder do grupo.





E a pandemia?


A pandemia da covid-19 levou à suspensão de contratos importantes para “As Margaridas”, incluindo o do PNAE. Mas, se engana quem pensa que isso desanimou o grupo de mulheres. “Adaptamos nossa forma de trabalho, diminuímos a produção e corremos atrás de fechar novos contratos”, disse Adilma Fernandes, ressaltando que as medidas de distanciamento social e de prevenção à doença foram, rigorosamente, adotadas.

Resultado: quando houve a flexibilização das medidas restritivas contra o novo coronavírus, os contatos feitos pelo grupo geraram novos pedidos. “As Margaridas” começaram a produzir alimentos para cestas básicas que seriam distribuídas pelos poderes públicos à população de Remígio, como também aos alunos da região. “Chegamos a produzir, por semana, 1.100 quilos de bolos para distribuir com as famílias carentes. Tivemos um novo ânimo para seguir em frente”, lembra Adilma. Hoje, o grupo continua produzindo e mantém a fé de que vai crescer ainda mais. 













“Delivery rural” como alternativa também em Cubati
“Tivemos que nos adaptar ao ‘novo normal’, com reuniões on-line, vendas por telefone e encontros virtuais”

 

Quitéria dos Santos Cunha é agricultora e moradora do município de Cubati, a 200 quilômetros de João Pessoa. Lidera um grupo de 16 mulheres que trabalham plantando e comercializando frutas, verduras, hortaliças, além de alimentos como feijão e milho. Elas se dedicam, também, à criação de ovelhas, algo que se transformou em um importante meio de geração de renda para as famílias. “Um dos momentos marcantes para o nosso grupo foi quando chegaram os animais e os equipamentos que compramos para estruturar o projeto e crescer ainda mais”, ressaltou Quitéria que reflete:


“O trabalho da gente é tão importante que desperta, ainda, um sentimento de luta e dedicação que nos motiva em várias áreas. Eu, por exemplo, realizei o sonho de voltar a estudar. Concluí o ensino médio e quero entrar na faculdade para cursar Medicina Veterinária”.



O pensamento da agricultora ganhou força depois que teve acesso a mais conhecimentos e experiências de trabalho com profissionais especializados na área rural. “Foi com orientação, inclusive, que a gente adquiriu ovelhas e máquinas para o nosso projeto de ovinocultura, o ‘Agrocível Pastoril’”.



A pandemia


Com a pandemia do novo coronavírus, Quitéria e as demais integrantes do grupo tiveram que se readaptar. Uma das alternativas, praticadas depois de algumas orientações, foi trabalhar com o sistema de entregas que se tornou popular, principalmente, na quarentena: o delivery. Dessa forma, elas passaram a investir na produção de frutas e hortaliças um pouco mais, pela praticidade e rápida comercialização. 

A divulgação pelo WhatsApp foi fundamental, já que as feiras livres estavam “fechadas”. Seguindo os devidos cuidados biossanitários, as mulheres de Cubati começaram a entregar os pedidos nas casas dos clientes. “Nunca pensamos que poderíamos trabalhar assim. Mas, deu certo! Desde o início, uma preocupação nossa foi com a saúde. Sempre tivemos o cuidado de usar máscaras, luvas, higienizar os alimentos, evitar o contato com os clientes...”, conta Quitéria. “Aos poucos, os pedidos foram aumentando e, mesmo depois da quarentena, ainda fazemos entregas”, complementou.

Outra solução para minimizar os efeitos da pandemia foi produzir alimentos (a exemplo de bolos) para as cestas básicas que seriam doadas às famílias do município.

E o grupo de Quitéria continua perseverando. A cada medida de flexibilização, por parte dos poderes públicos e órgãos de saúde, renova as esperanças de que os próximos dias serão melhores. E a energia das mulheres é estendida à comunidade.





  

 






Fortalecimento dos quintais produtivos em Barra de Santana

“A pandemia veio como desafio e nos motiva a continuar envolvendo, cada vez mais, a comunidade junto do nosso projeto”

 

         Doze mulheres e dois homens. Assim é formado o grupo que trabalha com produção e venda de hortaliças (alface, coentro, couve etc.), plantadas nos quintais de cada residência integrante do projeto que fica no distrito de Mororó, em Barra de Santana, a 133 quilômetros de João Pessoa. Um exemplo de coletividade e união que se transformaram em um grande diferencial na época de pandemia. As famílias tiveram que se reinventar e estão conseguindo minimizar os efeitos da crise, com alternativas e orientação profissional.

         José Gerailton Alves Martins, conhecido como “Gera”, é o líder do grupo. “Só estou à frente por ter mais disponibilidade de tempo para resolver as pendências administrativas, mas a nossa produção existe mesmo, essencialmente, por causa da força das mulheres. Elas é que fazem dos quintais produtivos do nosso Distrito uma fonte de renda exemplar até para outras regiões”, ressaltou. Ele diz que fica emocionado ao ver que algumas agricultoras, mesmo as mais experientes em termos de idade, mostram uma determinação de fazer inveja a muitos jovens na hora de plantar, colher e vender. “É gratificante ver o nosso projeto crescendo como resultado dessa união feminina”, destacou.

         O projeto foi criado em 2011 e tinha o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) como uma de suas bases. Em 2019, o grupo de Barra de Santana resolveu ampliar a comercialização. Criou uma feira agroecológica para reforçar as vendas e, aos poucos, os moradores da região foram se aproximando e comprando cada vez mais. Em pouco tempo, cinco barracas davam sinais de que eram insuficientes para atender à demanda. O grupo planejava aumentar a quantidade e beneficiar, ainda mais, as famílias integrantes do projeto.








        

        

         Veio a pandemia! E agora?


O planejamento de expansão da “feirinha” promovida pelos Quintais Produtivos de Mororó teve que ser pausado em virtude da pandemia do novo coronavírus. As mulheres do grupo vinham num pico de motivação que, em março do ano passado, gerou dúvidas, incertezas. O que fazer?

“Foi quando nos reunimos e, mais uma vez, mostramos a determinação do povo nordestino. Discutimos a melhor maneira de seguir em frente, mesmo com a pandemia. A orientação de especialistas profissionais foi essencial para abrir os nossos olhos a novas possibilidades”, lembra Gera.


“Uma das saídas foi usar os canais de comunicação digital, como WhatsApp, e o tradicional boca a boca para começar a vender e entregar na porta dos clientes. A mudança, não muito comum nas cidades do interior, superou a nossa expectativa”, complementou.


Todos os cuidados direcionados às medidas de biossegurança foram tomados. O grupo recebeu, de alguns órgãos públicos, álcool em gel 70%, máscaras, água sanitária, entre outros itens que, até hoje, estão sendo importantes para a segurança das vendas e a saúde de todos.

A estratégia ajudou o projeto a driblar a crise e dar fôlego aos integrantes da iniciativa. Tanto que, para 2021, a ideia é retomar a realização das feiras agroecológicas com um maior número de barracas, fechar novos contratos e recolocar em prática outros em andamento como o do PNAE. “Hoje, estamos mais preparados. Temos equipamentos (despoupadeira, forno de bolo etc.) e conseguimos fazer uma cozinha no salão da associação. Estamos prontos para produzir ainda mais e determinados a viver um ano melhor em todos os sentidos”, finalizou, acrescentando que, durante a pandemia, além das hortaliças, o grupo já começou a vender polpas de fruta e bolos. 







Louceiras Negras do Quilombo do Talhado (Santa Luzia-PB)

“Nunca vamos desistir do nosso projeto. Aprendi isso com minha avó, Rita Preta, que iniciou tudo isso e sempre mostrou determinação”



Gileide Ferreira, de 48 anos, lembra com orgulho da força de vontade, fé e perseverança que a sua avó, Rita Maria da Conceição Ferreira, conhecida como “Rita Preta”, mostrava nas ações relacionadas à produção de louças de barro, na comunidade quilombola Serra do Talhado, município de Santa Luzia, no sertão da Paraíba. “A minha avó sempre buscou, através do trabalho, melhores condições de vida pra gente. Com a atitude dela, outras famílias começaram a despertar, também, para esse propósito, principalmente as mulheres”, lembrou.

A produção de louças de barro tem mais de um século de existência. “Rita Preta foi quem percebeu que esse trabalho poderia mudar o nosso destino. No início, ela produzia no quilombo rural. Mas, com o aumento das dificuldades, foi morar na área urbana de Santa Luzia, construiu uma casa de taipa e levou a gente”, declarou a neta, revelando que, atualmente, o grupo de louceiras tem 11 mulheres que produzem panelas, jarros, pratos, fogareiro, objetos de decoração e outras peças feitas com o barro.

Com o passar dos anos, a saúde de Rita Preta ficou fragilizada e uma de suas netas, irmã de Gileide, Maria do Céu, assumiu a liderança do grupo que se tornou a “Associação das Louceiras Negras da Serra do Talhado”. Céu, como era chamada carinhosamente a nova líder, seguiu os passos da avó. Sempre que precisou lutar...lutou. E demonstrava um amor grandioso pelo trabalho artesanal da comunidade, cada vez mais empoderada. Em 2013, Maria do Céu foi morta pelo ex-companheiro que não aceitava o fim da relação e a impedia de trabalhar pela Associação. Com o triste acontecimento, Gileide Ferreira passou a liderar a iniciativa.

A história das louceiras de Santa Luzia e da representação que Rita Preta (falecida em 2019), Maria do Céu e Gileide Ferreira têm para a comunidade foi retratada no documentário “Rita, Preta da Paraíba”, que inclui imagens do filme Aruanda, de Linduarte Noronha, gravado na década de 60. O documentário, que tem direção de Diovanne Filho e é patrocinada pela ONU/Fida/Procase, destaca, ainda, como o programa beneficiou a Associação com a construção de um galpão mais estruturado para o trabalho e a aquisição de equipamentos. 










E a pandemia?


Com a pandemia do novo coronavírus, as “Louceiras de Santa Luzia” também tiveram que se adaptar. A venda dos produtos, que ocorria principalmente em mercados públicos, feiras da região e eventos de artesanato, precisou encontrar novos caminhos. As medidas preventivas para evitar a proliferação da covid-19 fizeram com que as mulheres quilombolas usassem mais as redes sociais, os grupos de WhatsApp e o boca a boca para estimular as vendas. “A nossa atitude foi fundamental para amenizar os prejuízos. Tomamos os devidos cuidados em relação à saúde, aproveitamos a divulgação pela internet e intensificamos as visitas na comunidade com objetivo de mostrar que continuávamos a produzir as louças de barro, com os cuidados necessários”, destacou Gileide. "Assim, conseguimos seguir". 


CLIQUE E VEJA O VÍDEO QUE GRAVAMOS COM A PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO!





 

“A nossa meta é crescer, ainda mais... Comercializar e expandir a vendas dos nossos produtos, que
representam uma importância muito grande para a nossa cultura e a nossa tradição” 
(Gileide Ferreira)






O empoderamento das rendeiras do cariri paraibano

Durante a pandemia não paramos e desenvolvemos um novo produto, uma nova ideia, para dar sustentação e seguimento ao nosso objetivo”

 

         Uma técnica têxtil que surgiu na Itália, no século XVI, e chegou ao Brasil por meio das freiras. No Nordeste, a “Renda Renascença” é um dos pilares do empoderamento feminino, principalmente nas cidades do interior de estados como a Paraíba, onde começou a ser produzida na década de 1950. De geração em geração, o bordado tecido à mão com linha, agulha e lacê vai costurando a história de dezenas de famílias, a exemplo das que integram um grupo com cerca de 30 mulheres dos municípios de São Sebastião do Umbuzeiro, Zabelê, Monteiro, Camalaú e São João do Tigre, no cariri do estado. Para elas, esse trabalho é uma das principais fontes de renda.

Maria Regina Gomes é uma das rendeiras da região e ressalta que, apesar da tradição e do reconhecimento profissional da renda renascença, a produção ainda enfrenta o contexto machista em algumas cidades. “No meu grupo, existem mulheres que eram impedidas pelos maridos de participarem das nossas reuniões mensais, por exemplo. Mas, a maioria conseguiu vencer o preconceito ao longo do tempo e isso significa muito pra gente, porque todas nós somos mulheres fortes, podemos ser independentes”, enfatizou ela que é presidente da Associação de Desenvolvimento dos Artesãos de São Sebastião do Umbuzeiro.

Em 2019, Regina destaca que houve uma mudança importante na rotina do grupo de rendeiras. Algo que estimulou as mulheres e estruturou, ainda mais, todo o trabalho. “Fomos contempladas com um projeto que nos permitiu construir a ‘casa das rendeiras’, ajudando na infraestrutura e na aquisição de maquinário para a produção. Isso foi essencial para a expansão dos nossos produtos”, lembra, referindo-se ao projeto de incentivo do Procase, que passou a acompanhar o grupo em 2016. “A orientação e o apoio que recebemos de órgãos como o Procase e o Sebrae, por exemplo, se configuram como um divisor de águas para a nossa produção”, complementou.

A nova fase culminou com outro grande momento. Com apoio do Sebrae-PB e do Governo da Paraíba, as rendeiras do cariri paraibano puderam participar de um curso ministrado pelo estilista renomado Ronaldo Fraga. Após o curso, em janeiro de 2020, ocorreu o ápice: o desfile “#SomosTODOSParaíba”, realizado no Espaço Cultural, em João Pessoa. O evento foi liderado pelo estilista e pelas rendeiras, com peças inspiradas nas obras do artista plástico paraibano Flávio Tavares. Um momento de grande destaque e realização para o trabalho artesanal daquelas mulheres.



 

E a pandemia?


Com a pandemia do novo coronavírus, as rendeiras do cariri, assim como muitos trabalhadores e trabalhadoras em todo o mundo, sentiram o impacto inicial que prejudicou a produção e alguns dos projetos que estavam para acontecer. Era a hora de se reinventar e pensar em alternativas que poderiam minimizar os prejuízos. Foi quando as mulheres, observando o novo contexto social, tiveram uma ideia: fazer máscaras com a renda renascença e divulgar na internet, em aplicativos e entre os amigos. A novidade superou as expectativas!

“Durante a pandemia não paramos e desenvolvemos esse novo produto, uma nova ideia, para dar sustentação e seguimento ao nosso objetivo. Através das máscaras pudemos continuar. A novidade chamou a atenção de muita gente e os pedidos foram aumentando dia após dia”, disse Regina.


“O interessante é que as máscaras se transformaram em porta de entrada para a comercialização de outros produtos da renda renascença, como toalhas, lençóis, colchas, mantas e vestidos. As pessoas viam as máscaras e perguntavam sobre outros produtos feitos com o material”, revelou Regina.


Até hoje, as rendeiras continuam a fazer as máscaras e os demais produtos da renda renascença. Seguem com o mesmo planejamento de 2020, quando começou a pandemia, e mostram que a iniciativa que trouxe independência para tantas mulheres evidencia a garra que, independentemente do período, faz toda a diferença. 







 

Pesquisa: Governo da PB e Editora Abril. 




   




Parcerias e resultados 



Os exemplos de Adilma Pereira Fernandes, Quitéria dos Santos Cunha, José Gerailton Alves Martins, Gileide Ferreira e Maria Regina Gomes mostram que os moradores do campo encontraram alternativas. Apoio estrutural, conhecimento e orientação se configuram como grandes diferenciais nesse caminho.

Dessa forma, as parcerias se reafirmam como fundamentais. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) são alguns desses parceiros que fazem diferença. A união de esforços se transforma em políticas públicas que buscam reduzir a desigualdade e ampliar o acesso à terra, ao crédito e à assistência técnica. O empoderamento feminino promovido por essas iniciativas também tem ajudado a alavancar a produtividade da agricultura, do artesanato, da economia...do crescimento do país.

E, mesmo diante das atenções biossanitárias, é possível perceber como as ações conjuntas são importantes. Como citamos nesta reportagem, os projetos apresentados aqui fazem parte de parcerias, a exemplo de ações realizadas pelo Sebrae, pelo Governo da Paraíba e pela ONU/Fida. 




Inclusão digital


    Mesmo com ações importantes por parte de alguns órgãos e entidades, sabe-se que o acesso à internet, que tem ajudado e muito nessa época de pandemia, ainda precisa avançar na zona rural. 



    Uma pesquisa realizada pelo Sebrae Nacional, em 2020, identificou que 67% dos pequenos produtores acreditam na necessidade, cada vez maior, do uso de tecnologias para o planejamento das atividades no campo. Na contramão desse cenário, entretanto, os moradores da zona rural apontaram a existência de alguns problemas, principalmente no acesso à internet. Os agricultores demonstraram insegurança no uso de novas tecnologias (40% dos entrevistados), resultado, entre outros fatores, da falta de capacitação para esse novo momento.



    "Estamos proporcionando acesso a um conteúdo técnico, abordando temas centrais como finanças, empreendedorismo feminino, marketing digital, avaliação da gestão da produtividade rural, entre outros. Nossa meta principal é estimular os empreendedores a entrarem com profundidade no mercado digital, para que consigam superar os desafios e se preparar da melhor maneira possível para a retomada econômica no novo cenário que emerge da pandemia", disse o presidente nacional do Sebrae, Carlos Melles. 

    O analista técnico do Sebrae Paraíba, João Bosco da Silva, complementou o argumento do presidente. Segundo ele, assim que começou a pandemia, o Sebrae-PB consultou os produtores rurais para saber quem precisaria de um apoio mais direto, em alguns casos até presencialmente, seguindo os devidos protocolos biossanitários. "Além do acompanhamento caso a caso, realizamos diversas capacitações virtuais e reduzimos o valor de algumas de nossas ações, além de colocar em prática, muitas delas, de forma gratuita", declarou. "Os empreendedores rurais não pararam de produzir. Uns mais, outros menos, todos, porém, com a certeza de que não poderiam prejudicar a comunidade de forma geral". 



       Em Brasília
    Em dezembro de 2020, a Presidência da República sancionou o Projeto de Lei nº 172/2020, que dispõe sobre a finalidade, destinação dos recursos, administração e objetivos do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust). A intenção é usar mais de R$ 30 bilhões para melhorar o acesso à internet na zona rural, nos próximos anos. 




Conteúdo adicional

Nossos personagens complementam suas ideias nesta entrevista coletiva que realizamos de forma remota.   







Poesia, Mercado e Pandemia

(Voz e autoria: Quitéria dos Santos Cunha - Projeto: Agrocível Pastoril, em Cubati)




Videografismo: Mr.Luck





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