Educação Técnica Empreendedora: caminho promissor

Atualizada em 30/05/2021 às 11:09 Por Richelle Bezerra / Apoio: Josi Simão

O portal Ideia Positiva Online.com preparou uma reportagem especial sobre uma área que cresce, cada vez mais: a educação empreendedora. Mostramos que algumas escolas, a exemplo dos Institutos Federais, perceberam a necessidade de focar no empreendedorismo. Este redirecionamento já surte efeitos e tem transformado as vidas de milhares de alunos. Hoje, os estudantes se mostram bem mais preparados para um trabalho que exige iniciativa e produtividade.



Empregabilidade e Empreendedorismo



Uma pesquisa da Global Entrepreneurship Monitor (GEM), consórcio internacional que, no Brasil possui parceria com o Sebrae, indica que seis entre dez empreendedores estão despreparados para empreender. Os dados mais recentes, mostram que o Brasil ocupa a 56ª posição em uma lista de 65 países, na relação do ensino com o empreendedorismo.


Posição do Brasil no quesito “Educação Empreendedora”


As mudanças do mercado despertam atenção especial para a educação empreendedora. O que nem sempre foi assim. O ensino profissionalizante no Brasil, que data da época do Império, concentrava-se nas associações religiosas e filantrópicas. Depois da proclamação da república, essas escolas foram mantidas em alguns estados. Chamadas, inicialmente, de Escolas de Aprendízes e Artífices tornaram-se, hoje, os Institutos Federais. Motivaram, ainda, a criação de iniciativas privadas com fins públicos, como o Senac ou o Senai.


Escola Industrial Técnica



EVOLUÇÃO DA REDE FEDERAL DE EDUCAÇÃO


1909
APRENDIZES E ARTÍFICES


1937
LICEUS PROFISSIONAIS


1942
ESCOLAS INDUSTRIAIS E TÉCNICAS


1959
ESCOLAS TÉCNICAS


1978
CENTROS FEDERAIS DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA (Rede ampliada em 1994)


2008
INSTITUTOS FEDERAIS DE EDUCAÇÃO




Primeiro, o foco era na formação para a empregabilidade. Mas, com as mudanças do mercado… a preparação passou a ser voltada também ao empreendedorismo. “Muitas vezes, a gente estava habituado a receber muito mais oportunidades. Esperar para que elas acontecessem. Hoje, não! Os alunos tentam criar as suas próprias oportunidades ou terem uma visão do mercado para se recolocar a fim de que possam exercer uma atividade empreendedora de sucesso”, disse a professora Fernanda de Araújo.


Fernanda de Araújo, professora de empreendedorismo no IFPB







FORMAÇÃO EMPREENDEDORA

Empresas Juniores geram oportunidades


Israel Marcelino faz parte da empresa júnior de administração do Instituto Federal da Paraíba, em João Pessoa. O grupo faz consultorias, planejamentos e projetos para diversos clientes. Segundo ele, a iniciativa serve como norte para a carreira profissional. “Minha forma de pensar, minha forma de agir, minha forma de ver o mundo mudou por causa do movimento ‘Empresa Júnior'”, falou o estudante.


Israel Marcelino



Já Vitor Hugo e Clarissa Nascimento integram as empresas juniores de Engenharia Elétrica e Design de Interiores. Para Vitor, quem começa a empreender ainda na graduação tem inúmeras vantagens. “Isso porque começamos a vivenciar uma realidade que só é sentida por um empresário formado. É como se fosse uma antecipação, que fará diferença lá na frente. De certa forma, a gente começa a se preparar ainda na graduação. Aprendemos a vender, a negociar, a satisfazer o cliente…tudo com muita qualidade”, destacou. “Nós estamos aqui juntos por um mesmo objetivo, que é impactar esse País afora”, complementou a colega.


Vitor (à esquerda)


Clarissa Nascimento




Inovação pensada para a comunidade


Júlio Coelho e Nicoly Almeida representam grupos de alunos que estudam, pesquisam e se dedicam a pensar em soluções sustentáveis e inteligentes para a comunidade em geral.


Júlio Coelho



Júlio e mais dois amigos desenvolveram o projeto chamado “Bubu Digital”. Trata-se de uma chupeta capaz de monitorar a saúde das crianças, por meio de sensores de temperatura e umidade. Ela envia as informações para dispositivos móveis, como smartphones e tablets. Qualquer mudança nos índices monitorados gera uma notificação no aplicativo, alertando sobre febres, hipotermias e desidratações. “”Nossa intenção é fazer parceria com alguma empresa já atuante, com objetivo de comercializar a chupeta com a nossa tecnologia. É um produto que tem potencial de mercado, mas, acima de tudo, pode impactar vidas que estão ao nosso redor”, disse orgulhoso ao citar que o projeto ganhou repercussão internacional e venceu alguns prêmios no exterior. 


Bubu Digital



Já Nicoly teve outra ideia que, aperfeiçoada pelos professores, tem repercutido fora do IFPB. É a lixeira inteligente. “Essa foi uma ideia que tivemos numa competição de empreendedorismo. Pensamos em criar, primeiramente, uma plataforma que pudesse dar destino ao lixo de forma racional”, explicou a aluna. Com o Idubo (nome dado ao projeto), “o usuário termina um almoço, por exemplo, e se tem cascas de legumes e frutas pode dar um destino correto para isso. Ele vai entrar na plataforma, anunciar o que tem e uma composteira previamente cadastrada irá até ele buscar o que pode ser reaproveitado”. A lixeira também tem um dispositivo eletrônico, de baixo custo, que indica, para os cadastrados, quando está cheia e em que local está.


Lixeira Inteligente


Nicoly Almeida







ACADEMIA X MERCADO:

Relação cada vez mais próxima


Muitos estudantes e ex-estudantes têm oportunidade de vivenciar a relação com o mercado, de forma prática, antes mesmo de encerrar os estudos nos Institutos Federais. Os “pólos de inovação” são oportunidades de trabalho que proporcionam isso. Através da parceria público-privada, os integrantes são contratados por clientes externos e orientados pela equipe do pólo, principalmente na área de tecnologia. Dessa forma, saem da Academia mais preparados. “Eu encontrei uma maneira ótima de colocar em prática tudo o que eu consegui adquirir de conhecimento na vida acadêmica, podendo exercer a profissão, aqui mesmo no IFPB, em uma área que está super em alta”, disse Luana Rodrigues. “Nós somos uma equipe. Cada ideia é complementada e isso fortalece o empreendedorismo”, acrescentou Joerverson Barbosa, que também trabalha no pólo.


Joerverson Barbosa


Luana Rodrigues




Alunos empreendedores se tornam referência


Essa visão empreendedora dos Institutos Federais tem produzido referências no mercado. Em Cajazeiras, no sertão paraibano, Marcelo Martins é conhecido pela garra, competência e dedicação ao trabalho. De origem humilde, passou dificuldades na infância, mas nunca deixou que isso fosse obstáculo para seus objetivos. Filho de agricultores, observava os pais se esforçarem para manter a família. E, independentemente das condições financeiras, sempre valorizou a educação. Ex-aluno do IFPB, ainda quando o Instituto era Cefet, Marcelo obteve conhecimento, viu oportunidades e, após anos de estudo, decidiu montar a própria empresa. Aberto em 2009, o negócio, especializado em automação comercial e segurança digital, hoje atende a mais de cinquenta cidades do País. Já ganhou vários prêmios e é indicado como exemplo de quem acredita, trabalha e aposta no empreendedorismo.


Marcelo e o sócio Alan Jones


“Tudo o que eu aprendi me ajudou a chegar ao ponto que atingi hoje. Obtive muito conhecimento no IF e sempre foquei no empreendedorismo”, enfatizou o ex-aluno do IFPB, que é convidado constantemente para palestrar e falar sobre a sua trajetória, como forma de estímulo a outros alunos-empreendedores.






Reportagem: Richelle Bezerra Produção: Josi Simão Imagens e edição: Mr. Luck Publicação: 31.12.2019




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